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NATAL: humanidade, simplicidade e diversidade.


O Natal contraria a lógica da religião e inverte seus valores: destrona o céu e dignifica o ser humano. Talvez seja por isso que tenha se reduzido sua festa a bolas e enfeites, porque a tentativa de sempre, nos discursos religiosos opressores, é banalizar a realidade. E, às vezes, a forma de fazer isso, por paradoxal que pareça, é por meio da divinização de valores, comportamentos e pessoas. Mas, apesar de tudo isso, o menininho nasceu do ventre de uma mulher. É o cúmulo da humanização. As histórias sobre a nascimento de Jesus, que estão nos Evangelhos (de Mateus e Lucas, precisamente), foram escritas bem depois das histórias de sua morte e de sua vida. Estão fartamente estilizadas e idealizadas. O fato, entretanto, de preservarem a memória da simplicidade de sua família e das condições precárias de tudo que lhe sobreveio no nascimento é sinal de que havia, entre os primeiros cristãos, uma forte crítica ao estilo de vida do Império Romano, especialmente ao que era impingido aos mais pobres. E era também um forte depoimento de tolerância e inclusão. Afinal a família de Maria e José devia estar sofrendo (ao menos quando os textos foram escritos) muito preconceito. Mães solteiras ainda sofrem, mas sofreram atrocidades na Antiguidade. Por isso, Natal é bem mais (ou menos) que as luzes, comidas e presentes da festa na qual o transformamos. Trata-se de uma crítica à desigualdade, denúncia que alimenta a luta por uma sociedade cuja diferença entre indivíduos não provenha do preconceito, da exploração, da dominação ou da exclusão; uma sociedade que valorize a simplicidade e a pluralidade. 

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