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Prof. Ricardo Lengruber (ricardo@lengruber.com)

ALEGORIA DAS CARROÇAS


(ou: metáfora sobre a inveja)

Era uma vez uma cidade. Há muito tempo. Num lugar bem distante. O sonho da gente daquela cidade era ter uma carroça passeando pelas ruas da vila.

Mas carroças eram coisa de cidade grande. Era muito difícil se realizar aquele sonho.

Houve muitas tentativas de se levar uma carroça para a cidade. Muitas em vão.

Um dia, porém, uma gente meio despretensiosa, que pensava grande, resolveu tentar de novo. E não é que conseguiram? E sabe que não era qualquer carroça; era uma carroça quase carruagem.

Alegria geral!? Que nada ... nem tanto.

Teve gente que foi, sim, pra rua aplaudir a carroça passar. Mas houve os que foram mesmo para vaiar.

Teve quem foi apenas para espreitar e, entre lábios, murmurar. Houve até os que quiseram jogar pedras pelo caminho para fazer tentar tombar a carruagem.

Contam, inclusive, que depois que conseguiram a carroça, teve gente empenhada em conseguir agora um departamento especializado em regulamentar a passagem de carroças. Só para proibir doravante o passeio da carroça tão sonhada.

E teve quem passou a odiar para sempre as carroças.

***

A questão é que, depois de verem a carroça passar, a cidade já não era mais a mesma.

Uns permaneceram na esquisitice de batalhar contra carroças.

Uns, envergonhados, visitavam a cidade grande só para dar voltinhas de carroça alugada.

Outros, todavia, iluminados pela beleza da carruagem, passaram a lutar pelo direito de ir e vir de todas as carroças.

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