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Religião e fanatismo


O que se deve combater são os fanatismos; não as religiões.

"Se alguém mata uma pessoa é como se tivesse matado toda a humanidade. Se salva uma vida é como se tivesse salvado toda a humanidade." (Alcorão 5.32)

A citação é uma tentativa de mostrar que, apesar de certo preconceito que há na atualidade com relação aos muçulmanos, a tradição religiosa islâmica tem textos preciosos e que pregam a paz.

Aliás, isso ocorre em várias tradições religiosas espalhadas pelo mundo, ao longo da história. As religiões revelam o que há de melhor (e também o que há de mal) no ser humano. Todas.

A Bíblia, por exemplo, que parte da tradição de judeus e cristãos, tem esses mesmos exemplos. Positivos e negativos. Mas nem por isso deixamos de crer na Bíblia como Palavra de Deus. Porque assim nutrimos nossa fé.

Considero que o desafio que temos diante de nós todos os dias é o exercício de uma leitura contextualizada e que saiba atualizar o texto. Ou seja, compreendê-lo como fruto de seu tempo e lugar histórico e capaz de interpreta-lo sem impingir um literalismo que acabe por empobrecer o texto e sua mensagem.

Na Bíblia também há textos lindíssimos e inspiradores. Mas há textos que, vistos ao pé da letra, sem a devida compreensão de seu contexto, podem ser muito complicadas suas interpretações.

Cito apenas dois casos para exemplificar:

"Ó cidade de Babilônia, destinada à destruição, feliz aquele que lhe retribuir o mal que você nos fez! Feliz aquele que pegar os seus filhos e os despedaçar contra a rocha!" (Sl 137, 8-9)

"E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim. E, dito isto, ia Jesus caminhando adiante, subindo para Jerusalém." (Lc 19, 27-28)

Apesar disso, diante desses textos difíceis, debruçamo-nos diante deles e tentamos compreender sua mensagem. Fazemos assim porque respeitamos e sabemos que nos edificaremos se assim procedermos.

Sinceramente, acredito que esse seja o mais adequado a fazer diante dos textos de diferentes tradições que não a nossa.

Outra duas questões:

1. Nossa mídia se esforça por mostrar apenas o lado fanático dos muçulmanos - mas a história da humanidade está repleta de casos de cristãos matando e se matando em nome de Deus (idade média, Irlanda etc); e

2. Sobre Lei e Graça, a questão não se circunscreve apenas a AT e NT, pois em ambos os testamentos há experiências de "legalismo" e de "gratuidade". Isso merece uma reflexão própria.

Enfim: o que se deve combater são os fanatismos; não as religiões.

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