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A política dos 200 anos


Há quem pense que os 200 anos de Friburgo sejam somente festa. Há quem pense que seja apenas memória construída sobre o mito da Suíça brasileira. E há ainda quem ache que não tem a ver com política.  Ora, ora ... é claro que se quer festa. E não apenas qualquer festa. Afinal, não são 200 dias. São 200 anos! Mas se deve querer mais que festa. A cidade merece aproveitar toda a beleza desse simbolismo e construir para si mesma presentes que deixem marcas duradouras para o futuro, especialmente no que diz respeito a qualidade de vida e dignidade da população.  Se é verdade que há, em um dado momento da história, uma conexão com a chegada de algumas famílias provenientes da região que hoje é a Suíça, é também verdadeiro que não se pode ignorar a presença de outros tantos povos por aqui, inclusive a multidão de escravizados. Vamos cultivar nossa história, sim. Mas vamos ser mais abrangentes, sob pena de cairmos na ficção e na injustiça que faz apenas reproduzir desigualdades. E ainda: uma narrativa que inclui os poucos de sempre e exclui os muitos de nunca.  Por fim, convenhamos. Onde não há política? A vida humana é política o tempo todo. E isso, apesar da desqualificação que a política eleitoral e institucional vem sofrendo, é bom. Afinal, política é meio pelo qual nos organizamos e ocupamos os espaços. É somente com as ferramentas políticas que conseguimos avançar como civilização.  Negar a política é a forma mais cruel de se fazer política. E para quem quer fazer de uma data simbólica tão importante uma repetição do de sempre, nada melhor que ficar higienizando e cerceando participações.  E eis, por isso, o grande desafio do governo: conduzir os festejos e iniciativas de modo que consiga congregar as mais diferentes contribuições democraticamente e, mais importante ainda: que inspire a sociedade a participar.

Afinal, e isso é muito ruim para todos nós: há uma descrença geral.

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