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Foto do escritorRicardo Lengruber

Crise e oportunidade


Você já pensou sobre a palavra “crise”? E sobre “oportunidade”? Pois é, vale a reflexão.

Está claro que nosso tempo é de crise, sim. Mas isso não é o fim do mundo. Boas e profundas transformações ocorreram na história em tempos visitados por crises imensas.

Crise é o que se vive quando um tempo se esgotou e um novo tempo ainda não começou. Crise é aquele momento sem referências claras. É quando o que se sabia não dá conta mais e um novo saber ainda não está pronto. Crise é o tempo da confusão. É o momento em que os paradigmas estão nebulosos.

Paradigma é um conceito das ciências que define um exemplo típico ou modelo de algo. É a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico.

Thomas Kuhn designou como paradigmáticas as realizações que geram modelos que, por períodos mais ou menos longos e de modo mais ou menos explícito, orientam o desenvolvimento posterior. Em seu livro a Estrutura das Revoluções Científicas, Kuhn apresenta a concepção de que “um paradigma, é aquilo que os membros de uma comunidade partilham”. É uma espécie de identidade.

Na crise, é o paradigma que está em cheque. É comum o desespero. Um sentimento de angústia e falta de perspectivas. A crise gera muita desconfiança. E, por incrível que pareça, gera também apatia e radicalismos. A gente é tentado a não sair do lugar. Acha que está tudo errado e que só há uma verdade a ser reconquistada.

Por isso, e por paradoxal que pareça, é que, nas crises, é perfeitamente possível engendrar saídas e oportunidades.

Oportunidade vem de “ob-” e “portus” (em direção ao porto). Originalmente, a palavra era usada para representar os ventos que colaboravam para os barcos à vela partirem ou chegarem a um determinado porto. Os ventos eram “oportunos” ou “inoportunos”, dependendo da situação.

Oportunidade, pensando assim, é mais do que sorte ou acaso. É diferente, também, de destino.

Ventos sopram sempre em alguma direção. O duro é coincidir a direção dos ventos e o destino da embarcação. Nesse caso, o que faz a diferença não é o barco e suas velas nem os ventos e sua direção, mas a habilidade do capitão.

Não é à toa que os antigos chineses usavam um símbolo para descrever “perigo” e um outro sinal para escrever “oportunidade”. Os dois juntos – perigo e oportunidade – significam “crise”. Crise e oportunidade são irmãs.

Se a gente estaciona a fica só olhando pra trás, a crise é negativa. Ela imobiliza e gera um círculo vicioso de derrota.

Mas se a gente olha pra frente, a crise vira oportunidade e a vida ganha um sentido novo. O desespero vira esperança.

Lembro-me do poema Invictus de William E. Henley, que inspirou Nelson Mandela na cadeia e o ajudou a levar o barco até um porto seguro, ainda que com ventos contrários. Cito aqui sua última estrofe (vale a pena procurar e lê-lo todo):

“Por ser estreita a senda – eu não declino,

Nem por pesada a mão que o mundo espalma;

Eu sou dono e senhor de meu destino;

Eu sou o comandante de minha alma.”

Enfim, só há um jeito de enfrentar a crise: atravessando-a. Isso se chama oportunidade. Não é fácil, mas é possível.

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