
Do ponto de vista historiográfico, a data de 16 de maio de 1818 é apenas a assinatura de um Decreto para imigração de famílias oriundas da Europa (Suíça) para a Fazenda do Morro Queimado.
Já havia gente por aqui (aliás, muita gente: uma multidão de pessoas negras escravizadas, por exemplo, habitavam a região). Contar a história a partir dos suíços, além de errado, é negligenciar a memória e as raízes.
Destacar 1818 é uma opção ideológica. Embranquecer e elitizar a história. Mesmo que os suíços tenham sido muito pobres (e foram mesmo), a imagem que se passa é a da cultura (superior!) europeia.
Reforçar os suíços e esconder (além da escravidão) outras contribuições ulteriores (italianos, alemães, libaneses, japoneses etc) é destacar uma imagem - cuidadosamente esculpida nos inícios de século XX (quase um século depois dos fatos). A Nova Friburgo se diferencia do restante do Brasil escravocrata e atrasado.
É claro que toda civilização tem seus mitos de origem e suas estórias e etiologias; mas isso sempre se dá com clara e proposital intencionalidade.
Atrás do mito da Suíça Brasileira esconde-se a negação da escravidão (severa por aqui) e das alianças política e ideologicamente complicadas (especialmente com italianos e alemães - nas duas grandes guerras).
Celebrar, por aqui, é mais esconder do que revelar.
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