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O medo tem dono

Atualizado: 15 de abr. de 2023


O medo sempre está a serviço de alguém. Do que o sente, para protegê-lo do que julga ser perigoso. Ou a serviço de quem o dissemina com o objetivo de manipular e, não raro, lucrar.

Tem a ver com a indústria e o mercado de armas de fogo, detectores de metal, catracas eletrônicas, serviços de monitoramento, alarmes e vigilância. É simplesmente gente querendo ganhar dinheiro.


Tem a ver com o terror que se divulga pelas redes sociais e que amplificam o alcance dos "influenciadores". É simplesmente gente querendo ganhar fama.

Tem a ver com políticos oportunistas que pegam carona em tudo que pode lhes render notoriedade e manipulam as informações alardeando mais insegurança. É simplesmente gente querendo ganhar voto.

Para todos os casos, vale o ditado: criam dificuldade para oferecer a facilidade. Ou, melhor, potencializam o medo para vender a segurança.


A escola, diferente de tudo isso, é o ambiente em que deveria prevalecer a cultura da paz. Era tudo que o Brasil não precisava nesse momento uma onda de fakenews envolvendo a escola. Será mais gasolina de uma fogueira que já vem sendo acesa há anos. Tem a ver com homeschooling, com currículo, com material didático, com a autoridade dos professores, a judicialização e medicamentalização das relações escolares etc.


Apregoar a ideia de vulnerabilidade nas escolas somente pelo viés da segurança é um erro. O que está em jogo é a construção de uma cultura da paz. Sem isso, não iremos a nenhum lugar. Veja o exemplo dos EUA, onde há sucessivos ataques em escolas mesmo com rígidos e caros esquemas de segurança.


O que pode fazer a diferença de forma duradoura e eficaz é a diminuição do apelo à violência e às armas como medidas protetivas. O diálogo em família, o acolhimento, o cuidado e a autoridade dos pais podem ser decisivos.


Filhos demandam comprometimento. Zelo e atenção permanentes. A lógica deve ser sempre a do amor, esse sentimento que mescla liberdade e responsabilidade. A privacidade do quarto e da mochila são relativos, se é que me faço entender.


Atribuir a responsabilidade do terror às escolas e seus profissionais é só mais um dos sucessivos erros que temos cometido como sociedade.

Há que se cobrar mudança de paradigmas não da escola apenas, mas dos que verdadeiramente são responsáveis pela disseminação e banalização da cultura e do mercado que lucra com a violência.

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