Prof. Ricardo Lengruber (ricardo@lengruber.com)

15 de mar de 20171 min

Pseudonímia

Quem nunca ouviu, disse ou mesmo "comprou gato por lebre"?
 

 

 
Pois é. Pior é quando isso ocorre com ideias.
 

 

 
Pseudonímia é o processo pelo qual um texto tem sua autoria atribuída a quem não o escreveu.
 

 

 
Isso ocorre, por exemplo, com vários textos e livros na Bíblia. Obras atribuídas a Moisés, Davi, Salomão e Paulo são exemplos bem conhecidos.
 

 

 
Não se trata de 'falsidade ideológica' ou coisa que o valha. É fruto de uma cultura que homenageia seus ancestrais e legítima seus ensinamentos com a chancela de figuras notáveis.
 

 

 
Na verdade, conhecemos esses 'autores' pelo que 'não' escreveram. Ocorreu um processo curioso: os textos ganharam força por conta de seus autores idealizados; os autores fortaleceram-se como ícones da história por conta da disseminação desses textos.
 

 

 
Esse fenômeno continua ocorrendo. Clarice Lispector, Arnaldo Jabor e o Papa Francisco assumem diariamente a autoria de textos que, muitas vezes, jamais teriam saído de suas penas. Veríssimo já teve até livro publicado com crônica que não escreveu.
 

 

 
A diferença entre os exemplos, porém, está no fato que sabemos o que a Clarice, o Arnaldo ou o Papa pensam e escrevem. Há muito deles por aí devidamente assinado.
 

 

 
Talvez haja muitos aproveitadores querendo passar adiante suas ideias. Se não o fazem assinando seus textos, das duas, uma: ou não têm lastro para serem lidos ou julgam as ideias de suas redações mais importantes que seus próprios nomes.
 

 

 
E aí mora o perigo.
 

 

 
Cuidado com as ideias "bonitinhas" que andam circulando por aí. Tem muito "gato por lebre".

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