Uma pessoa é muito mais do que suas características individuais. Uma pessoa é o reflexo de tudo que sobre ela repousa, bem como a maneira como reage ao que se coloca diante e dentro de si.
Na escola e na família, cultivamos as primeiras sementes desse processo. Por se tratar de um período privilegiadamente sensível às interferências externas e disponível ao amadurecimento interno, a infância e a adolescência gozam de uma singularidade especial na vida. E mais especial ainda se tornam as oportunidades que temos de forjar nossa identidade nesse momento da existência.
Acredito que, antes de tudo, cabe aos educadores (dentre os quais incluo pais e professores) sedimentar as RAIZES da personalidade e da formação dos indivíduos.
Raiz é o que nos fixa ao chão e nos garante identidade. Raiz é a fonte da qual provemos alimento para o corpo. Raiz é nosso elo de comunicação e, acima de tudo, comunhão com nossa terra.
Raiz é educação, conhecimento, bons modos, saberes, exemplos, princípios, hábitos, regras, disciplina, valores e, também, fé.
Tudo que se aprende e se apreende pelo convívio e pelo exemplo. Tudo que se constrói com alguma dor e sob algumas perdas, mas que adensa e sustenta nossa vida.
Nós somos, em certa medida, o resultado das experiências que tivemos ao longo do tempo, especialmente na infância. Mas, somos, além disso, o reflexo da forma como conseguimos reagir e dialogar com tais experiências.
Por isso, além de raízes, precisamos de ASAS.
Fixadas as raízes, é chegada a hora de fortalecer as asas. Asas que brotam quão mais profundas e saudáveis são as raízes.
Asas são imaginação, fantasia, poesia, criatividade, coragem, ousadia, intrepidez e, acima de tudo, saber correr o risco do novo.
Pais e professores são desafiados a ajudarem os pequenos a arriscarem os primeiros voos. Tarefa que demanda muito esforço, porque as primeiras quedas – inevitáveis – podem comprometer a coragem de uma nova tentativa e frustrar uma vida toda.
O binômio raiz e asa é, aparentemente, contraditório, mas, na verdade, por mais paradoxal que pareça, é indispensável à saúde individual e a paz coletiva dos grupos humanos.
Quanto mais profundas são nossas raízes, mas altos são os voos capazes de nossas asas alçarem.
Raiz é que nos faz o que somos. Asas são o que nos prometem ser o que desejamos verdadeiramente ser.
Sem raiz, não há vida que se sustente. Sem asas, não há vida que se eternize.