Uma das mais profundas belezas da Bíblia e suas histórias é a forma como as pessoas são apresentadas. Todos as personagens são vistas desde a perspectiva humana – com suas ambiguidades, limitações, paixões e potencialidades.
Pedro é um ícone disso tudo. Está entre os personagens mais mencionados nos evangelhos. Do começo ao fim do ministério de Jesus, Pedro está sempre por lá. É porta-voz de muitos e do próprio senhor.
É Pedro quem ouve que “tu és pedra e sobre ti edificarei minha igreja” e, na mesma sequência de textos, é admoestado com o “afasta-te de mim, Satanás”.
É o mesmo Pedro que (apesar de seguir Jesus por toda uma jornada e garantir que seria com ele até o fim), diante da cruz e seu sofrimento, quando arguido pelos soldados, negou que soubesse quem era Jesus.
Foi Pedro também quem – ao se recusar, nos Atos, a plena aceitação de gentios e estrangeiros – aprendeu em sonho que todo alimento é lícito e, mais poderosamente ainda, aprendeu a falar outras línguas para que o evangelho fosse pregado a todos os estrangeiros que diante dele estavam no dia de Pentecostes.
Pedro é uma síntese humana muito potente: ambíguo, presunçoso, dono da verdade; sensível, disponível, disposto a reconsiderar.
“Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas.”
Pedro, assim, nos ajuda a pensar nosso lugar na vida. Passado, presente e futuro. Promessas, realizações, expectativas.
Por fim, vale meditar: “cefas”, em aramaico, é pedra. Porque tudo que se constrói deve ser sobre alicerces firmes e sólidos, sim; mas para aceitar que, no fim, como toda rocha, tudo vira pó. “Tu és pó e ao pó tornarás”.
Salve, São Pedro!