O mundo político brasileiro vem ganhando, já há algumas décadas, uma nova força: o fundamentalismo religioso orientando políticas públicas. Isso é um retrocesso em termos civilizatórios.
A Igreja Universal é um ator importante nesse cenário. Mas não é a única, tampouco a mais importante. Há inúmeras forças (católicas, evangélicas e neo-pentecostais) disputando e coabitando esses espaços.
Tão importante quanto a preocupação com esses grupos, em si, deve ser o alerta quanto às alianças que permitem a esses grupos (mesmo na surdina) influenciarem ações de governos.
Agora, não considero razoável a classificação da IURD como seita. Pelo menos, não da forma como se compreende seita no senso comum (como algo "menor"). Afinal, além de praticamente toda instituição religiosa ter nascido como seita (porque derivou de outra anterior da qual se tornou sectária), o respeito pela fé alheia ainda deve ter espaço na sociedade contemporânea.
Por isso, sou, mais do que nunca, favorável ao fortalecimento do Estado Laico. O desafio é saber realizá-lo num país cuja religiosidade é um traço determinante da cultura; e, ao mesmo tempo, torná-lo realidade sem negligenciar a dimensão existencial-espiritual do ser humano.