Prof. Ricardo Lengruber (ricardo@lengruber.com)

14 de fev de 20181 min

Carnaval & Cinzas

Sobre o necessário (des)equilíbrio entre a abundância da festa e a finitude das cinzas.


 

 
O Carnaval tem origens muito remotas e difusas. Na tradição cristã, só faz sentido se for efetivamente seguido das cinzas da quarta feira.
 

 

 
Carnaval significava "festa da carne" e era – por incrível que possa parecer diante do que se tornou o negócio carnaval hoje em dia – uma festa religiosa. Às vésperas da Quaresma, por conta dos quarenta dias de abstinência que se seguiriam, os cristãos fartavam-se de “carne” entre o domingo e a terça-feira.
 

 

 
Na quarta, revestiam-se de cinzas, evocando que “do pó viemos e para o pó retornaremos”. Celebravam, a partir de então, o sofrimento, a tortura e a morte de Jesus.
 

 

 
É nesse sentido que só faz sentido um carnaval de abundância e festa se o mesmo for seguido da reflexão da quaresma. Na verdade, o carnaval existe por conta do período que se segue a ele. É a morte de Jesus que ilumina a folia do carnaval.
 

 

 
Não se trata de uma narrativa exclusivamente de derrotismo ou de pessimismo. Mas de uma forma honesta de encarar a provisoriedade da existência. A Quarta-Feira de Cinzas promove a reflexão sobre a inexpugnável realidade da vida e seu destino inescapável: a morte.
 

 

 
Por outro lado, a folia do carnaval é um tempero necessário à dureza da vida. Salpica de fantasia a existência marcada pela dor e pelas injustiças.
 

 

 
Carnaval e cinzas não são opostos. São complementares. A experiência de um inspira o outro.
 

 

 
Como tudo, porém, o carnaval tornou-se somente brincadeira e negócio e as cinzas da quarta-feira apenas ressaca e engarrafamento.

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